As greves são um direito inalienável dos trabalhadores, incluindo os professores. No entanto, a forma como têm sido conduzidas recentemente tem causado um impacto significativo e negativo na educação dos nossos filhos. As greves à la carte, sem um fim claro à vista, estão a comprometer a continuidade do ensino e, consequentemente, o futuro dos nossos jovens.

É importante destacar a questão da equidade entre as diferentes carreiras da função pública e do privado. Parece injusto que algumas carreiras, como a dos professores, tenham um horário de trabalho que, embora seja dividido em componentes letivas e não letivas, possa parecer menos rigoroso do que as 35 horas semanais exigidas para outras carreiras, para não falar, no privado, com 40h semanais.

A componente não letiva do horário de um professor em Portugal do ensino básico, que inclui 13 horas de gestão exclusiva do professor e até 2,5 horas semanais estabelecidas pelo(a) director(a) do agrupamento, é destinada a garantir o acompanhamento pedagógico e disciplinar dos alunos, a realização de actividades educativas necessárias e a assegurar as actividades da equipa TIC.

No entanto, é importante lembrar que, embora esta estrutura de horário possa parecer mais flexível, a profissão docente também traz consigo uma série de responsabilidades e desafios únicos, que muitas vezes se estendem para além do horário de trabalho formal.

Como alguém que já esteve na sala de aula e agora trabalha noutra área da função pública, vejo com preocupação a situação actual. É verdade que algumas das reivindicações dos professores foram atendidas, enquanto outras carreiras na função pública ainda aguardam respostas às suas legítímas revindicações. Isso cria um desequilíbrio que precisa ser abordado.

Não se trata de filiação partidária, até porque não sou filiado em nenhum partido, mas de bom senso e equidade. Se os funcionários do RH decidissem fazer greve e não processar os salários, a situação seria caótica, entre outros, para todos os professores. Da mesma forma, as constantes greves dos professores estão a criar um cenário de incerteza e instabilidade na educação, que é tão vital para o nosso país quanto qualquer outra função pública e privada.

É fundamental que encontremos uma solução equilibrada que atenda às necessidades dos professores sem comprometer a educação dos nossos filhos. Afinal, a educação é a base para o futuro deles e, por extensão, o futuro do nosso país. Precisamos de um diálogo aberto e honesto entre todas as partes envolvidas para resolver estas questões e garantir que todos os funcionários públicos sejam tratados com justiça.