Ilustração de um cérebro conectado a redes neurais de inteligência artificial

English version (click here to visit)

📚 O estudo principal

O estudo “Your Brain on ChatGPT: Accumulation of Cognitive Debt when Using an AI Assistant for Essay Writing Task” (Nataliya Kosmyna et al., MIT Media Lab, junho 2025) comparou três grupos a escrever redações estilo SAT:

  • Brain‑only (sem auxílio)
  • Google Search
  • LLM (ChatGPT)

Monitorizaram a atividade cerebral via EEG e analisaram os textos. Participantes passaram por três sessões e, na quarta, houve troca de método.

Resultados principais:

  • Menos atividade neural com IA do que com buscas, e muito menos do que no grupo sem ferramentas.
  • Baixo sentido de autoria e dificuldade em recordar o que escreveram.
  • Redução cumulativa de funções cognitivas — memória, criatividade, pensamento crítico — chamada “cognitive debt” ou dívida cognitiva.
  • Curiosamente, quem começou sem IA e depois passou a usar teve até mais ativação neural do que quem sempre usou IA.

🔎 Panorama geral de AIs

Não é só o ChatGPT. Ferramentas como Gemini (Google AI) ou Claude (Anthropic) funcionam como LLMs avançados. De um modo geral:

  • Facilitam tarefas, mas
  • Desafiam menos o cérebro, levando ao mesmo fenómeno de dívida cognitiva.
  • Google Search obriga a pesquisar, filtrar e sintetizar informação — é menos “automaticamente preguiçoso” que as AIs generativas.

🧠 Estratégias equilibradas

Importante: O estudo não diz que a IA é má para aprender. Diz que o uso passivo (só copiar e colar respostas) é que pode atrofiar o cérebro.

Para quem tem menos estudos, dificuldades de aprendizagem ou menos prática em pensamento complexo, a IA pode ser um acelerador, se usada de forma ativa. Veja as estratégias e os seus benefícios:

1. 🎯 Usar IA para apoiar, não escrever
Pede ideias, perguntas para reflexão, outlines, não texto inteiro.
2. ✍️ Escrever primeiro, depois IA
Começa sozinho — aperfeiçoa com ajuda.
3. 💬 IA como crítico
Pede análise crítica, sugestões de melhoria, perguntas para expandir o teu pensamento.
4. 🔁 Revisão ativa
Reescreve partes com as tuas próprias palavras, adiciona voz e profundidade.
5. 🧩 Alternar ferramentas
Usa IA, busca e escrita sem apoio em momentos distintos.

🔧 Exemplo de workflow real

  1. Brain-only: escreve o rascunho inicial.
  2. Google/Gemini: pesquisas para pontos de apoio ou contra-argumentos.
  3. ChatGPT/Gemini: pede sugestões de reestruturação, estilos alternativos e perguntas para pensar melhor.
  4. Revisão própria: integra, adiciona exemplos pessoais e ajusta o tom.
  5. Reflexão final: avalia o que aprendeste, o que o teu cérebro treinou neste processo.

🧭 Conclusão

IA (ChatGPT, Gemini) é uma excelente aliada — mas se usares de forma passiva, podes desenvolver dívida cognitiva: menos esforço, menos memória, menos criatividade. A solução? IA consciente, com limites claros, mantendo-te no controlo do pensamento, escrita e aprendizagem. Assim, usas a tecnologia a teu favor — e não ao teu lugar.


✍️ Referência do estudo

Título: Your Brain on ChatGPT: Accumulation of Cognitive Debt when Using an AI Assistant for Essay Writing Task
Link: https://arxiv.org/abs/2506.08872


Três perguntas para comentar/meditar:

Q1: Que técnicas usas para manter a tua voz nos textos, mesmo com IA?

Q2: Já tentaste uma abordagem em etapas como a sugerida acima?

Q3: Achas que devia haver formação formal (escolas, empresas) sobre uso equilibrado de IA?