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A era digital trouxe consigo uma revolução na forma como as informações são geradas, distribuídas e consumidas. Com a ascensão da Internet das Coisas (IoT), cada dispositivo tornou-se uma fonte potencial de dados, e cada pedaço de informação tornou-se uma moeda valiosa no tabuleiro global. A capacidade de controlar, manipular e acessar esses dados é agora uma das principais formas de poder no cenário mundial. Mas quem ganha no tabuleiro global?

A OTAN, através do seu Conceito Estratégico de 2022, reafirmou o seu compromisso com os princípios fundadores e a sua missão central de defesa coletiva e segurança numa zona Euro-Atlântica definitivamente 'não em paz'. O ciberespaço, um domínio global de tecnologias de informação interconectadas e dados, é 'contestado a todo o momento' por uma variedade de atores estatais e não estatais. Esta afirmação é reforçada pela campanha cibernética que é integral à guerra em curso da Rússia na Ucrânia, demonstrando as implicações da competição estratégica no ciberespaço.

Ciberterrorismo e a Ameaça à Segurança Global

O ciberterrorismo tornou-se uma ferramenta poderosa nas mãos de atores estatais e não estatais. A capacidade de interromper infraestruturas críticas, espalhar desinformação e comprometer sistemas de defesa nacionais coloca o ciberterrorismo no topo da lista de ameaças à segurança global. Países como Rússia e China têm sido acusados de patrocinar ou tolerar atividades cibernéticas maliciosas para avançar seus interesses geopolíticos. Estes são alguns dados estatísticos e informações adicionais sobre o tema:
  • Ameaças de Malware: O malware é uma das principais ameaças cibernéticas, com um novo malware sendo lançado a cada 0,05 segundos.
  • Ataques de Phishing: 1 em cada 3.125 emails contém uma ameaça de phishing.
  • Custo dos Ataques Cibernéticos: Estima-se que o custo dos ataques cibernéticos para as empresas será de $6 trilhões anualmente até 2021.
  • Ataques a Dispositivos Móveis: 24.000 aplicativos móveis maliciosos são bloqueados todos os dias.
  • Ataques de Ransomware: Um ataque de ransomware ocorre a cada 14 segundos.

Fonte: https://www.getastra.com/blog/security-audit/cyber-security-statistics/

IoT: O Novo Fronteira da Competição Digital

A Internet das Coisas amplia o campo de batalha digital. Cada dispositivo conectado é um ponto potencial de entrada para hackers e uma fonte valiosa de dados. A capacidade de controlar redes de dispositivos IoT pode dar aos atores estatais uma vantagem significativa em termos de coleta de inteligência, espionagem industrial e até mesmo operações militares. A competição por essa vantagem está a todo vapor, com nações investindo pesadamente em pesquisa e desenvolvimento de IoT. Exemplo, entre outros, disto é posicionamento da China em Dispositivos Inteligentes:
  • A China tem mostrado interesse em dominar o mercado de dispositivos inteligentes. Componentes fabricados na China em dispositivos usados na rede de segurança pública dos EUA são projetados para enviar informações de volta aos servidores na China.
  • A crescente presença desses componentes em vários dispositivos tem levantado preocupações nas autoridades americanas, pois podem criar um "backdoor" para atores malignos do governo chinês acessarem e potencialmente danificarem dispositivos de resposta.
  • A "Internet das Coisas" (IoT) é uma tecnologia em rápido crescimento. Os dados dos módulos celulares são vistos como uma "mina de ouro" para a inteligência chinesa, que pode analisar informações de milhões de dispositivos para obter insights sobre eventos nos EUA.
  • Leis de segurança nacional da China obrigam empresas de tecnologia a compartilhar dados com os serviços de inteligência do país. Especialistas ocidentais estão alarmados, pois isso pode ser explorado pelas agências de inteligência chinesas.
  • Em 2022, havia 202 milhões de conexões IoT nos EUA e 2,8 bilhões globalmente. Os principais fabricantes desses módulos em 2022, Quectel e Fibocom, são chineses e têm laços estreitos com o Partido Comunista Chinês.
A crescente influência da China no mercado de dispositivos inteligentes e a ameaça potencial que isso representa para a segurança global é uma questão que precisa ser abordada com seriedade pelas nações ao redor do mundo. A combinação de ciberataques sofisticados e a capacidade de influenciar infraestruturas críticas através de dispositivos inteligentes torna o ciberterrorismo uma ameaça real e presente.

Europa no Tabuleiro Global

A Europa, com sua rica tradição de inovação e pesquisa, tem um papel crucial a desempenhar nesta competição global. No entanto, a fragmentação política e regulatória tem sido um desafio. A União Europeia tem feito esforços para criar um quadro regulatório unificado para a cibersegurança e a IoT, mas a implementação tem sido desigual entre os Estados membros. Para se posicionar de forma eficaz neste tabuleiro global, a Europa precisa investir mais em pesquisa e desenvolvimento, fortalecer suas defesas cibernéticas e promover a cooperação entre os Estados membros. Além disso, a Europa deve buscar parcerias estratégicas com outros atores globais para promover normas e práticas cibernéticas seguras. Conclusão A competição por informação digital e controle no ciberespaço é uma das principais dinâmicas do século XXI. À medida que a tecnologia avança, a importância do ciberespaço só aumentará. Países e blocos regionais que conseguirem navegar com eficácia neste ambiente complexo e em rápida evolução estarão bem posicionados para liderar no futuro. A Europa, com sua rica herança e capacidades, tem todas as ferramentas para ser um líder nesse domínio, mas precisa agir de forma coesa e determinada para garantir seu lugar no tabuleiro global de sair da sua encruzilhada onde está atualmente. Fontes: https://sgp.fas.org/crs/natsec/R43838.pdf https://www.rand.org/pubs/research_briefs/RBA597-1.html https://www.nato.int/docu/review/articles/2023/06/06/nato-and-strategic-competition-in-cyberspace/index.html