Este artigo é baseado numa notícia recente sobre a saída de enfermeiros portugueses do Reino Unido e apresenta algumas considerações sobre o seu possível regresso a Portugal. Será que alguns dos enfermeiros que deixaram o Reino Unido tenham reconsiderado a ideia de que trabalhar em Portugal não é tão mau como inicialmente pensado?

A Situação Atual

Ao longo dos últimos seis anos, quase 2.000 enfermeiros portugueses abandonaram o seu registo profissional no Reino Unido, enquanto apenas cerca de 500 se inscreveram para trabalhar lá, segundo a entidade reguladora britânica. O número de enfermeiros formados em Portugal e registados no Reino Unido caiu 21,8%, de 5.262 em março de 2017 para 4.055 em março de 2022.

Este saldo negativo também se observa no registo de outros enfermeiros europeus, como espanhóis, italianos e romenos, que antes da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) eram recrutados em grande número pelo Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS). Em contrapartida, nos últimos anos, o número de profissionais da Índia, Quénia, Jamaica, Guiana, Zimbabué, Botsuana ou Gana disparou, refletindo uma predominância do recrutamento fora da UE.

Motivos para a Saída

Um relatório indica que mais de metade dos enfermeiros abandonou a profissão mais cedo do que o esperado, e a maioria não tenciona regressar. Os motivos dados para cancelar a inscrição incluem esgotamento ou exaustão, falta de apoio dos colegas, preocupações com a qualidade dos cuidados prestados às pessoas, carga de trabalho e níveis de pessoal.

Críticas ao Recrutamento Atual

O Partido Trabalhista criticou o recrutamento de profissionais de países na "lista vermelha" da Organização Mundial de Saúde, que procura desincentivar o recrutamento de médicos e enfermeiros em países em desenvolvimento onde os serviços de saúde são deficitários.

Conclusão

Não existam informações específicas sobre as razões pelas quais os enfermeiros portugueses, particular, estão a deixar o Reino Unido, nem sobre os seus percursos profissionais após a saída do país, é possível fazer algumas conjecturas. Embora os enfermeiros possam ganhar mais no Reino Unido, parece que a carga de trabalho é consideravelmente maior e muitos dos problemas enfrentados são semelhantes aos de Portugal. É possível que alguns dos enfermeiros que deixaram o Reino Unido tenham regressado a Portugal, talvez reconsiderando a ideia de que trabalhar em Portugal não é tão mau como inicialmente pensado. No entanto, esta é apenas uma suposição e seria necessária mais investigação para confirmar este ponto. 

Contudo, saída de enfermeiros portugueses do Reino Unido é um fenômeno preocupante que reflete as dificuldades da profissão no país. É preciso considerar medidas para melhorar as condições de trabalho em todas as carreiras e garantir a qualidade dos cuidados de saúde lá e principalmente em Portugal. Enquanto isso, é preciso também considerar as implicações éticas do recrutamento de profissionais de saúde de países em desenvolvimento.