Neste artigo, vou dar continuidade ao tema que abordei na parte 1, sobre os conceitos e as aplicações da inteligência artificial (IA) na educação. Agora, vou explorar como as universidades podem enfrentar os desafios e as oportunidades trazidos por esta tecnologia, especialmente pelo ChatGPT, um chatbot que fornece informação, explica conceitos e gera ideias em frases simples. O ChatGPT é uma ferramenta de IA que tem sido usada por estudantes e professores de diversas formas, desde a realização de trabalhos escolares até à criação de conteúdos educacionais. No entanto, o uso desta tecnologia também levanta questões éticas e pedagógicas que precisam ser discutidas e reguladas. 

É essencial que as universidades estabeleçam políticas e diretrizes claras para orientar a utilização de ferramentas de IA, como o ChatGPT, no contexto educacional. Essas políticas e diretrizes devem ser elaboradas em conjunto por professores, administradores, especialistas em ética e tecnologia, e, se possível, com a participação dos próprios estudantes. Algumas áreas importantes a serem abordadas incluem:

1. O desenvolvimento de políticas e orientações claras sobre o uso de IA no ensino e na aprendizagem, destacando os limites e responsabilidades dos estudantes e professores. Um exemplo é o código de conduta elaborado pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos da América, que orienta os alunos sobre como usar o ChatGPT de forma honesta e académica.

2. A inclusão de cursos ou módulos específicos sobre IA e ética no currículo universitário, a fim de educar os estudantes sobre os benefícios e riscos do uso de tecnologias emergentes. Um exemplo é o curso online gratuito oferecido pela Universidade de Helsínquia, na Finlândia, que ensina os fundamentos da IA e como aplicá-la de forma ética e socialmente consciente.

3. A promoção de ambientes de aprendizagem colaborativos onde estudantes, professores e especialistas em IA trabalhem juntos para resolver problemas e criar soluções inovadoras. Um exemplo é o projecto AI4ALL, que promove programas educacionais em parceria com universidades renomadas, como Princeton e Berkeley, para incentivar a participação de jovens sub-representados na área de IA.

4. A utilização de IA para personalizar e melhorar a experiência de aprendizagem dos estudantes, identificando e apoiando as necessidades individuais de cada aluno. Um exemplo é o sistema Knewton, que usa algoritmos para adaptar o conteúdo e o ritmo das aulas ao perfil e ao desempenho de cada estudante.

5. A implementação de mecanismos de controlo e monitorização do uso de IA no ensino, como a ferramenta de detecção de plágio Turnitin, para prevenir e combater o uso indevido destas tecnologias. Além disso, é importante garantir a transparência e a explicabilidade dos processos e dos resultados gerados pela IA, bem como a protecção dos dados pessoais dos utilizadores.

6. A partilha de boas práticas e a cooperação entre instituições académicas para enfrentar os desafios e as oportunidades trazidos pela IA no ensino superior. Um exemplo é a rede AI Campus Network, que reúne mais de 20 universidades brasileiras para promover a investigação, a inovação e a formação em IA. Em Portugal, algumas universidades que se destacam pelo uso ou pela investigação em IA no ensino são: Universidade do Porto², Universidade do Lisboa¹, Universidade Nova de Lisboa³ e Universidade do Minho.

Em conclusão, a IA é uma tecnologia que pode transformar a educação do futuro, mas que também requer uma reflexão crítica sobre os seus impactos éticos e sociais. As universidades têm um papel fundamental neste processo, tanto como utilizadoras quanto como produtoras de conhecimento sobre a IA. Por isso, é essencial que elas se prepare