Partilho este artigo O PRR e a digitalização na saúde | Opinião | PÚBLICO (publico.pt)

Como crítico que concorda com esta visão, é importante destacar que a digitalização na saúde é uma área que deve ser tratada com seriedade e planeamento adequado. O Plano de Recuperação e Resiliência, conforme mencionado, inclui o financiamento para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a digitalização na saúde como um dos seus subcapítulos. No entanto, os esforços apresentados parecem desorganizados e desconexos, sem um plano claro para alcançar o Processo Digital Único ou Registo de Saúde Electrónico (RSE).

A falta de coordenação e um cronograma específico para a implementação do RSE são preocupantes. A distribuição arbitrária de recursos para grandes e pequenas empresas, em vez de um programa estruturado e focado em resultados, pode levar a um desperdício significativo de recursos e atrasos na implementação de um RSE eficiente.

Outro aspecto preocupante é que os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) parecem preocupar-se apenas com a centralização de todo o processo, não envolvendo adequadamente os diversos profissionais e instituições regionais. Essa abordagem centralizada pode resultar em soluções menos eficazes e menos adaptadas às necessidades específicas de cada região.

Além disso, é mencionado que os fundos do PRR serão utilizados para criar mais um datacenter em Évora, em vez de aproveitar os datacenters existentes, alguns dos quais já beneficiaram de fundos comunitários, como o do Algarve. A criação de um novo datacenter pode ser um investimento redundante e ineficiente, quando recursos já disponíveis poderiam ser melhor utilizados.

É fundamental realizar um levantamento dos programas e meios existentes, bem como um estudo dos meios físicos necessários e das conexões entre eles. Isso exigiria a colaboração de especialistas em informática e outros profissionais de saúde relevantes. Além disso, o processo clínico deve incluir informações abrangentes sobre cada paciente, garantindo que os dados estejam disponíveis e encriptados para uso seguro e confidencial.

Em suma, é crucial que os recursos destinados à digitalização na saúde sejam utilizados de forma eficiente e eficaz, com um plano bem estruturado e a colaboração adequada entre profissionais de informática, clínicos e órgãos governamentais. Além disso, é essencial envolver e considerar as perspectivas dos profissionais e instituições regionais, e aproveitar os recursos já disponíveis, como os datacenters existentes. Caso contrário, o risco é de que, no final, muitos recursos sejam desperdiçados em tecnologia avançada, enquanto os profissionais de saúde e os pacientes ainda enfrentam desafios na comunicação e no acesso à informação médica necessária.